segunda-feira, 22 de março de 2010

e depois chega um sentido estranho que se impõe no comando da vida. não se mergulha. paira-se. os rostos são os mesmos de antes. com as mesmas angústias e as mesmas velocidades. é uma inocência já previamente vista. retribui-se com um sorriso e um silêncio. deixa-se andar. o tempo dirá tudo e não é justo que se traga a obscuridade antecipada. fala-se de livros inconscientemente. de pessoas. de histórias. de gosto. de crimes. era uma bolha. estava numa cozinha em frente a uma lareira e as palavras saiam. palavras rasgadas na boca. não havia nisto qualquer tipo de inveja por posições inalcançáveis. era assim. a lareira fazia o seu apelo a coisas puras e o vinho ajudava a soltar estranhas verdades. diziam-se meias frases. por vezes alguém desistia. normal. mas não se fugia ao sentido. só não se podia dizer tudo. que havia um rio onde as palavras não circulavam. que havia músicas. que havia uma espécie de terror secreto na solidão ruidosa dos lugares pequenos. lugares de gente vermelha e com ferrugem nos ossos. lugares de vistas incríveis para o rio e para a montanha. uma estrada de curvas e água na terra. os homens trazem-te o pão. a boca procura-o simples e doce no meio do nada. bebe-se muito. os sonhos surgem mergulhados no infinito. é o que fica para depois. é o que há-de ficar para sempre.

Sem comentários:

Enviar um comentário