quarta-feira, 25 de maio de 2011

ainda agora estava ao pé da rua de santa catarina, começo a ouvir o aperta com ela em altos berros, imaginem só que era, um autocarro branco de dois andares, com uma imagem gigante do passos coelho, com uns betinhos miseráveis na parte de cima a cantar e a bailar!!! ora francamente... se isto não mete asco... vou ali e já venho!!! se este atrasado mental mais a sua comitiva de atrasados mentais tomam conta disto... por favor!!! espero bem que morra sufocado com as suas ânsias básicas de poder bárbaro, ou devo antes dizer, básico!!! se este grande messias da direita jovem se torna no grande primeiro ministro da cultura... é o nosso fim como país!!! este gajo é um verdadeiro propagador da saloiada mais primária, mais abusiva, mais vomitiva, que já alguma vez vi em toda a política portuguesa. consegue reduzir tudo à insignificância mais atroz. consegue dar tiros no pé atrás de tiros no pé sem qualquer tipo de dignidade humana!!! consegue, enfim, atingir o âmago das questões portuguesinhas medianas mais nojentas, com paleio de anticristo provinciano, a virar constantemente as culpas para os pobrezinhos!!! pois então teremos finalmente o mais pobre de espírito de todos os primeiros ministros da atrasadice mental. de certeza que já nem dorme com a alegria do poder. com o vislumbre absurdo de ser alguém na vida. coitado... que sentirá a crise tão apertada como as suas calças depois de almoçar. depois de encher o bandulho patético com a bifana da sabujice riquinha. ali iam eles... no seu autocarro branco... dançando variedades saloias... inquestionáveis... que faziam os pacóvios eleitores esboçar um sorriso de piada patêga, que mais se parecia com as imagens dos mortos.

passos coelho é isto... a mediocridade elevada a estatuto.

terça-feira, 19 de abril de 2011

caos.
anulação da vida.
inquietação.
medo.
ansiedade.
despojos.
a tragédia dos dias.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

é o tempo dos abutres. depois dos cadáveres derramados líquidos pelo chão ácido. virão com os seus olhos de fogo e sabedoria. tentando transformar os corpos em máquinas. como se fossem senhores do futuro incerto. com os seus rostos pintados de cinza e com a voz estranhamente musical. possuem braços tentaculares com uma espécie de boca. se te agarram comem-te os sonhos. se lhes escapas estás fora do jogo. mas um dia virá. um dia virá em que o jogo termina porque todos os jogadores ganharam a consciência da guerra.

domingo, 27 de março de 2011

porque era de sensibilidade que as pessoas se alimentavam
uns com os seus gritos entupidos na garganta quebrada
outros com a surdez magnífica do amor distante
a cabeça ficava num estado líquido
não se tocava no chão ao caminhar pela cidade de repente vazia
ninguém em lado nenhum nenhuma voz
perdiam-se laços durante a vida e isso era uma espécie de violação
uma estranha violação de máxima violência
estradas de atrocidade raiavam os olhos de vermelho
o meu corpo sentia-se pequeno na caixa opaca
a merda do meu silêncio corroía-me o estômago
um sabor de ferrugem ocupava a minha boca
um ligeiro sabor a sangue sujo
a carne fétida
se me alimentasse de imagens poderia voar
voar silencioso pelos sítios como um rato invisível
poderia decorar nomes e datas e planear futuros alheios
poderia dar cabeçadas na vida como se isso realmente importasse
transformar o corpo numa medalha de guerra sem estilo
um dia devo ter sido um relógio sem ponteiros para horas
as coisas surgiam incessantemente fugazes
rápidas velozes violentadas como flashes ou alucinações
a minha merda era o silêncio nada mais
a minha merda era o silêncio fraude que me obrigava a comer
a minha merda era gostar de feridas abertas
feridas que tinham o cheiro do sexo sujo
lambidas por animais famintos magros
com os cabelos pintados com tons de mentira e desespero
eram cães de nenhum reino
mas eu calava-me
o silêncio era uma tampa que se infiltrava na minha cabeça quente
na rua as casas explodiam e eu estava quieto
ausente e silencioso como um morto
como se a minha amostra de vida pudesse compreender alguma coisa alheia
e as salas ficavam milagrosamente pequenas
os disparos surgiam pela calada do sono
eram sensíveis as coisas
eram gigantes
tinham a dimensão do tudo
eram um vício mascarado
uma estranha dependência de massacre
os sulcos do corpo
monstruosamente mergulhados em cinza
mostravam apáticos o rosto da morte

gigantes como sempre

segunda-feira, 21 de março de 2011

Casting

Procura-se actor masculino que tenha entre 27 e 40 anos para espectáculo de teatro profissional a realizar no Porto. Precisa-se de total disponibilidade entre meio de Maio e final de Julho. O trabalho é remunerado. Agradecemos que enviem uma fotografia e o curriculum para o seguinte mail: panmixia.info@gmail.com
Obrigado

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

considerações gerais sobre o contexto hoje

aborrecem-me as coisas naturais do mundo. a crise e os seus sub-produtos do desespero. lágrimas cuspidas por bocas sapientes nos telejornais miseráveis da vida. muito se tem falado da ausência da esperança e da segurança e da cagança. alguém digere discursos empastelados. tornam-se musicais pelas noites e pelos dias. saltam dos ecrãs. nunca fui estagiário e nunca fui escravo. acho que nunca pretendi estudar para que o meu primeiro nome fosse doutor. aborrecem-me as contas bancárias e as casas compradas e os carros e a treta. o que serão revoluções? uns quantos milhares de preocupados que esperam renovar o poder para que tudo se mantenha mais ou menos afinado. como se a afinação não fosse o problema real. como se não fosse necessária uma nova afinação. desafinação. revolta verdade. aborrece-me esta falsa euforia rebelde. estamos sentados no vazio da existência e o resto está fodido. arranjamos uma cançoneta que nos una. estilo claque futebolística. cantamos e sentimos a alma acesa porque nos julgamos úteis. aborrecem-me os refrões das modinhas burguesinhas saloias. betinhos com belos instrumentos que se babam por doenças e sofrimentos que não possuem. funcionários gerais dos partidos. funcionários públicos de licença que soltam uns acordes básicos e assim acreditam que a fogueira é um facto. o problema é que a caça às bruxas neste momento é bastante diferente. o problema é que a segurança não existe para a verdade. nem a esperança. nem tampouco a cagança. um dia houve um terramoto geral e nesse dia apareceu a humanidade. a questão de fundo será eterna. enquanto o sol não resolver rebentar com este planeta ínfimo. não me fodam a cabeça com estágios profissionais nem com liberdades nem com salários mínimos nem com bancarrotas insubmissas. o mundo produz alimento suficiente para alimentar o mundo. depois deste facto como será possível que o problema seja o estudo da escravidão ou o delírio estagiário não remunerado!? como se de repente uma voz distante, uma voz de fome, tivesse acordado o espírito comodista das gentes e elas se julgassem legitimadas para exigir o seu mísero conforto. a escravidão é a vossa falcatrua viciosa. a curiosidade não deixa de me visitar estes dias. aguardo ansiosamente notícias desta grande revolta jornalística. a que horas sairá o povo da rua? sairá da rua? exige o quê este povo da rua? qual a perspectiva que este povo da rua tem em relação aos militares? e em relação à fome? o que se exige para além de conforto? nos anos oitenta dizia-se que a revolta mais aguardada seria a do terceiro mundo. ela anda aí. mas os seus fantasmas são perigosos. são perigosos porque a democracia tem-se revelado uma arma letal para a espécie. a juventude está em marcha. mas em marcha de quê? será que esta marcha da juventude interessa alguma coisa? quando se vê que a única coisa que a maioria pretende é o poder mísero dos velhos e as oportunidades caducas dos velhos. qual a ruptura que se pretende? qual a proposta? é a anarquia? se é a anarquia parece-me bem. se é uma democracia justa... todo este sururu cairá no saco-roto do seu próprio vazio teórico original. exigir mais oportunidades ao capitalismo quando já se percebeu que o capitalismo é um monstro que se alimenta da sua manutenção cíclica. vivemos num país miserável de ideias. a maioria adora uma estupidez que está acima de todos os reinos da inteligência mais primordial. juventude em marcha. juventude desperdiçada ou desperdício. juventude de camisa rasgada. pobre. puta. e quando o sol surgir no fundo deste inverno sistémico aí sim virá a revolta certa. quando o preto ou o esfomeado não for outro para além de mim. até lá... mera manutenção do nada. com uns foguetórios para distrair a malta eternamente jovem.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

lembrava-se de outros tempos de bravura referenciada nos livros. escritas substantivas. carnais na essência física da vida.

mentira.

tinha deixado a respiração para trás e isso não criava imagens. isso fazia explodir o dentro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

de um lado as amarras de vidro, imagens de uma guerra sorridentemente branca. as memórias rasgadas nos abismos vermelhos da carne que o foi. um dia veio a luz e lavou tudo, lavou a vida. estava contada a história. de um lado os guardas. do outro lado os carrascos. isto da vítima habitar o centro dos quadros é uma coisa mal amanhada dos contos para a infância. o que cantava a cabeça no seu deambular louco? quando caminhava errática pelas ruas da cidade do pequeno pormenor. da cidade tantas vezes desfigurada por combates internos. alguém trazia água, bebia-se sôfrega até passar áspera pela garganta e chegar como uma bomba ao estômago, comia-se pouco durante a guerra. o pior era a espera. um dia vinha uma inquietação demasiado presente e lá se atirava o corpo contra os muros, os muros eram o chão, a visão é que estava confusa. o chão. como será o corpo quando bate, embate, no chão? alguém gravou o som de uma melancia para fazer uma simulação quase real da cabeça explosiva. acreditou-se naquilo e até cheirou a vómito.


FARTO DESTE PALAVREADO

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

o sol da vida na sua magnificência árida em cima de tudo, comedor de cabeças explosivas e de solidões musicais. o fundo é a viagem. o vento impõe-se nos ombros como um sussurro aceso da distância. violações do eu. quase exposições da verdade. quase. quase feliz. quase vivo. quase quase. os transportes escavam sulcos na cara. não são rugas. são sulcos. comem-se paisagens sem o apetite do novo e só se anseia o sono. tempo-espaço. a viagem é uma relação aberta entre cúmplices problemas. sol vermelho sangue descendente no horizonte como uma vida que termina para sempre voltar. campos de água. túneis obscuros que quase raspam e arranham. gente sem nome nem idade. mundo sob um manto de luto sujo com a marca da fome. e da peste. e da guerra. finais abertos. classes. diferenciações no seio da carne e da respiração. máquinas violentamente respiradas. corpo intransigente. caminhante das noites sombrias acompanhado pelos cães e pelas estrelas. carregado de vida e de silêncio. sem parar. sem parar.