segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

considerações gerais sobre o contexto hoje

aborrecem-me as coisas naturais do mundo. a crise e os seus sub-produtos do desespero. lágrimas cuspidas por bocas sapientes nos telejornais miseráveis da vida. muito se tem falado da ausência da esperança e da segurança e da cagança. alguém digere discursos empastelados. tornam-se musicais pelas noites e pelos dias. saltam dos ecrãs. nunca fui estagiário e nunca fui escravo. acho que nunca pretendi estudar para que o meu primeiro nome fosse doutor. aborrecem-me as contas bancárias e as casas compradas e os carros e a treta. o que serão revoluções? uns quantos milhares de preocupados que esperam renovar o poder para que tudo se mantenha mais ou menos afinado. como se a afinação não fosse o problema real. como se não fosse necessária uma nova afinação. desafinação. revolta verdade. aborrece-me esta falsa euforia rebelde. estamos sentados no vazio da existência e o resto está fodido. arranjamos uma cançoneta que nos una. estilo claque futebolística. cantamos e sentimos a alma acesa porque nos julgamos úteis. aborrecem-me os refrões das modinhas burguesinhas saloias. betinhos com belos instrumentos que se babam por doenças e sofrimentos que não possuem. funcionários gerais dos partidos. funcionários públicos de licença que soltam uns acordes básicos e assim acreditam que a fogueira é um facto. o problema é que a caça às bruxas neste momento é bastante diferente. o problema é que a segurança não existe para a verdade. nem a esperança. nem tampouco a cagança. um dia houve um terramoto geral e nesse dia apareceu a humanidade. a questão de fundo será eterna. enquanto o sol não resolver rebentar com este planeta ínfimo. não me fodam a cabeça com estágios profissionais nem com liberdades nem com salários mínimos nem com bancarrotas insubmissas. o mundo produz alimento suficiente para alimentar o mundo. depois deste facto como será possível que o problema seja o estudo da escravidão ou o delírio estagiário não remunerado!? como se de repente uma voz distante, uma voz de fome, tivesse acordado o espírito comodista das gentes e elas se julgassem legitimadas para exigir o seu mísero conforto. a escravidão é a vossa falcatrua viciosa. a curiosidade não deixa de me visitar estes dias. aguardo ansiosamente notícias desta grande revolta jornalística. a que horas sairá o povo da rua? sairá da rua? exige o quê este povo da rua? qual a perspectiva que este povo da rua tem em relação aos militares? e em relação à fome? o que se exige para além de conforto? nos anos oitenta dizia-se que a revolta mais aguardada seria a do terceiro mundo. ela anda aí. mas os seus fantasmas são perigosos. são perigosos porque a democracia tem-se revelado uma arma letal para a espécie. a juventude está em marcha. mas em marcha de quê? será que esta marcha da juventude interessa alguma coisa? quando se vê que a única coisa que a maioria pretende é o poder mísero dos velhos e as oportunidades caducas dos velhos. qual a ruptura que se pretende? qual a proposta? é a anarquia? se é a anarquia parece-me bem. se é uma democracia justa... todo este sururu cairá no saco-roto do seu próprio vazio teórico original. exigir mais oportunidades ao capitalismo quando já se percebeu que o capitalismo é um monstro que se alimenta da sua manutenção cíclica. vivemos num país miserável de ideias. a maioria adora uma estupidez que está acima de todos os reinos da inteligência mais primordial. juventude em marcha. juventude desperdiçada ou desperdício. juventude de camisa rasgada. pobre. puta. e quando o sol surgir no fundo deste inverno sistémico aí sim virá a revolta certa. quando o preto ou o esfomeado não for outro para além de mim. até lá... mera manutenção do nada. com uns foguetórios para distrair a malta eternamente jovem.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

lembrava-se de outros tempos de bravura referenciada nos livros. escritas substantivas. carnais na essência física da vida.

mentira.

tinha deixado a respiração para trás e isso não criava imagens. isso fazia explodir o dentro.