sexta-feira, 16 de abril de 2010

um sonho quase ao acordar. era uma agulha. um espigão amaldiçoado de ferro. uma agulha que precisava de sangue. precisava de encontrar um pedaço de carne vivo. um corpo. quando não o encontrava era preciso segurá-la com toda a força possível, porque ela atacava. atacava. como uma necessidade superior de sobrevivência. uma agulha amaldiçoada. não me lembro quem estava comigo. lembro que estava num local elevado com vista para um jardim. eu tinha a agulha na mão e evitava a sua revolta superior. fui a uma varanda e tentei atirá-la ao jardim. ela estava colada à minha mão e fazia toda a sua força para conseguir dar a volta e espetar-se no meu dedo. eu tentava como louco atirá-la para fora da minha mão. impossível. de repente, da agulha, começam a sair espigões. uma corola de espigões malignos. que se vão tornando gigantes com o desespero da fome. uma agulha cancro. maliciosamente brilhante como uma estrela. saí do edifício a correr. desci os degraus aos saltos. a corola não parava de crescer. passei a porta. atravessei-a. os espigões começaram a furar-me o corpo. eu com o braço esticado. olhos. peito. veias dos braços. ombros. caí no chão. uma mancha carnívora. acordei.

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