quarta-feira, 21 de abril de 2010

era um rapaz de tal forma caguinchas que ninguém dava um tusto por ele, nem ninguém dizia que ele se fazia. era um cagarolas da treta que tinha a mania que enchia o espaço com a sua imbecilidade culta, com uma mania de superioridade latente. acho que até lhe faltava um colhão, mas como tinha lido muitos livros e visto muitos filmes... tinha conseguido ganhar um harém de frustrações que o circundavam como um sistema de planetas em volta de uma estrela decadente. cruzava-se comigo de vez em quando e eu sempre que o podia evitar era coisa que nem hesitava, toca a passar para o outro lado da rua ou a mudar de mesa de café. dava-me um certo asco nas entranhas a sua presença, tão gigantemente insignificante. chamava-se um nome que eu não posso dizer. aliás, até se torna ridículo falar sobre ele. mas se lhe dedico agora uns momentos do meu reles tempo é porque havia algo que ele tinha atingido. ele tinha uma magia. era um ser inútil mas que tinha uma magia. era um crápula dos piores, dos que fazem vomitar os mais ressequidos abutres, um crápula frustrado que deveria dormir sempre em camisa de noite com umas peúgas rosinha e um barrete com um pompom na ponta. diz-se que tinha a pissa metida para dentro. não sei e nunca tive o desejo de saciar essa curiosidade mórbida. até quando lhe esboçava um sorriso ou um simples cumprimento na distância o meu corpo reagia aflitivamente. o anormalzinho mais insurrecto que algum dia tive o desprivilégio de conhecer. é-me bastante clara a sua imagem. rato autêntico. mas um rato daqueles ratos tristes, um rato magro e enfezado, mal formado na sua mais profunda melancolia de ser inteligente, ou ser superior, que não se mesclava com a gentalha decadente, com a plebe, com os da rua... mas que ia constantemente pintar a manta de povinho vai com todas para as mais míseras tascas e tascórios e que, ainda por cima, fazia disso a sua bandeira de humildade ganha a custo nas calçadas da vida. ai, quase que vomitei ao escrever estas palavras. voltando ao tema da sua magia. a sua magia era uma comédia de lamentos, as pessoas que fazem as medalhas do sofrimento e que ao mesmo tempo exibem a sua infinita sapiência de queques sem princípios merecem todas a forca. não a forca normal, antes uma forca que tenha espinhos na zona que toca no pescoço, espinhos que provoquem gritos lancinantes antes da morte que deveria ser tudo menos rápida. então um dia, o nosso gigante deu um tralho épico nos confins do mundo. o pior foi que no movimento da queda me levou um livro e mais meia dúzia de anos de vida. sacaninha reles o gajinho. sempre que estava por perto, a sua influência revelava-se maligna em todos os meus caminhos. comecei a desconfiar daquilo tudo e fui mesmo a uma bruxa para me lavar dos males. era impossível. a bruxa nada podia fazer contra o feitiço que ele lançara sobre mim. tinha-me ocultado a luz com uma núvem de pó e de esterco. tinha-me mergulhado em episódios de falcatrua. ele chegava com o seu harém de falsidade e lamentação e zungas... lá me ia eu pelo cano. o filha da puta do ratito. mas eu juro, ai juro juro, um dia cruzo-me com ele na rua, não passo para o outro lado, vou-me a ele, chego-lhe com estes cinco dedos da direita, estejam abertos ou fechados, e lá se vai o encanto desencantado. o cabrãozote, coleccionador de tufos de pintelheira e outras tretas capilares, chega e lança a manta da repressão e tudo lhe baixa a bolinha batendo continência ao espertinho. mas eu sou um gajo fodido. eu já não fico a ver os navios a passar como fazia antigamente, nada disso, eu é pau para toda a obra, já não me deixo pisar por intelectualices, para intelectual intelectual e meio. não me interessa que tenha o harém com a mais brilhante de todas as putas. que tenha a mais puta de todas. para mim é-me igual, as putas nunca me interessaram, nem sequer como tema de composições filosóficas ou o cacete. chegas ao pé de mim e parto-te os cornos. amasso-te a cornadura meu safardanas cócózinho. eu vou-me a ti. livra-te que eu te veja a rir ou a abrir a boquinha miserável que tens enquanto estiveres na minha presença. zungas, sentes alguma coisa a ir na tua direcção e há-de ser alguma coisa dura, isso te prometo, pontos na cabeça não te vão faltar. seu rodriguinho miserável. seu barroquinho nojento. seu quinane irrecuperável. ainda hoje, se não me seguram, meto-me na estrada e ala que se faz tarde, vou-me a ele, onde quer que esteja. que hoje está realmente um belo dia para se matar alguém. deve ser da primavera. ora terem-te dado um par de galhetas bem dadas quando eras puto e já nada disto acontecia. que aquilo que tu precisas é de te meter com uma gaja que te agarre na pissa com os dedos todos e que te arranque o teu pequeno marsápio até te esqueceres de quem és. meu grande cona da tia velha. até me fazes lembrar muito mas mesmo muito vagamente um certo rasputine, mas dos que não fode nem sai de cima.

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