sexta-feira, 28 de maio de 2010

de repente começa uma tremura nas mãos.
observas-te. estás tranquilo na aparência dos dias.
por dentro saem cobras através da traqueia.
mordem a garganta. o grito é seco.
o grito é mudo na sua essência física.
as mãos. uma espécie de raiva latente.
as frontes. um aperto no centro da cabeça.
como se o corpo se fechasse na noite em que respira.
o fumo compulsivo ocupa-te o corpo que um dia foi de osso.
a memória vem e vai. é um disparo de realidade.
acidentes. acidentais. orgãos que se revoltam na apatia.
descobrem-se os círculos. espirais que envolvem os braços.
ódio. revolta cinzenta. corredores hospitalares.
luz branca e secura. vómito. alucinação. silêncio.
no dia seguinte assumes a vergonha da sobrevivência.
e tudo no mundo se abre com o horário do costume.

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