segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sonhava coisas estranhas. uma vez tinha perdido o chamado céu da boca. gosto do nome. céu da boca. tinha-me caído. andava cheio de vergonha com a boca fechada e escrevia papeis para que os outros lessem. este sonho era sintomático da minha realidade. tinha perdido a voz. ninguém me ouvia. acho que nem eu me ouvia. inventava monólogos e melodias por dentro da cabeça mas sabia perfeitamente da minha incapacidade de os desbloquear. ganhava as minhas guerras assim. imaginava as mais belas tácticas de combate. criava os mais belos discursos sobre a vida e sobre o mundo. tudo numa espécie de silêncio em que a queda do céu da boca me tinha mergulhado. depois acordei. levei a língua ao céu e ele estava lá. tal como o meu silêncio.

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